terça-feira, 25 de agosto de 2009

Vinho Madeira não foi usado no envenenamento de Rasputin


equívoco 'alimenta-se' do facto de existirem vinhos russos com nomes semelhantes A Ilha da Madeira é cada vez mais popular entre os russos como um destino turístico e, por vezes, são criados mitos para atrair novos visitantes.Vários russos que visitaram a Madeira disseram que lhes é contado, em restaurantes ou caves de vinhos, que Gregori Rasputin, figura problemática da História da Rússia no início do século XX, foi envenenado com a ajuda de vinho da Madeira.Porém, isso não corresponde à verdade histórica, tratando-se simplesmente de um equívoco provocado pelo facto de existirem vinhos com nomes semelhantes.Na realidade, Gregori Rasputin, homem influente na corte do último czar russo: Nicolau II, foi envenenado por "Madera", vinho produzido na Península da Crimeia (actualmente, território ucraniano) a partir de castas semelhantes àquelas com que se produz o néctar mundialmente conhecido da portuguesa Ilha da Madeira.Rasputin, diabo para uns e santo para outros, apreciava realmente vinho da Madeira original e isso ficou assinalado por várias pessoas que o conheceram de perto. Porém, o cianeto utilizado para o liquidar foi dissolvido em 'Madera'. O príncipe Félix Iussupov, um dos três homens que organizaram e concretizaram o assassinato de Rasputin, pois consideravam-no um perigo para o futuro da monarquia russa, escreve nas suas memórias que, depois de ele ter ingerido bolos envenenados, lhe ofereceu vinho."Então" - escreve o príncipe - "eu ofereci-lhe nossos vinhos caseiros da Crimeia... Ele bebeu-os com prazer, limpou os lábios e perguntou se eu tinha em casa muito vinho daquele. Ficou admirado ao saber que a cave estava cheia de garrafas. “Entorna mais um madeirinha” - disse ele. Eu queria dar-lhe outro cálice, com veneno, mas ele travou-me: “Enche este”. Depois de ter ingerido vários copos de 'Madera' com veneno e nada ter acontecido, Rasputin acrescentou: 'Bom Madera, enche mais um copo'. Nem os doces, nem o 'Madera' envenenados conseguiram liquidar o forte siberiano e os seus assassinos tiveram de o matar a tiro e atirar o seu corpo para o gelado rio Neva, em Petrogrado.Além do 'Madera', no Império Russo produziam-se vinhos com o nome de 'Portwine' e 'Xerez'. Nos meados do século XVIII, alguns nobres russos começaram a encomendar da Europa videiras para plantar na Crimeia, onde as condições climatéricas são semelhantes ao Sul do Velho Continente. E assim apareceram as "versões russas" dos vinhos portugueses. Durante o regime comunista (1917-1991), na União Soviética continuou-se a produzir, além de 'Madera' e 'Portwine' de razoável qualidade, "vinhos a martelo" com o mesmo nome, também conhecidos por “bombas", favoritos dos alcoólicos porque embriagam rapidamente.Basta recordar marcas como '777' ou 'Agdam'.Após a Revolução de Abril de 1974 em Portugal, os dirigentes soviéticos começaram a importar quantidades significativas de Vinho do Porto português, sendo esta uma das formas de financiar as actividades do Partido Comunista Português. Embora sendo bastante caro em comparação com as bebidas alcoólicas soviéticas (se uma garrafa de vodka custava dois rublos, uma de vinho português custava cinco), tornou-se popular devido à sua qualidade. Entre os intelectuais e boémia soviéticos, a garrafa de vinho do Porto também passou a ser conhecida por “kunhalovka" (cunhalzinha), em honra de Álvaro Cunhal, que nessa altura dirigia o PCP.

Colocado por: Lusowine

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