sexta-feira, 3 de abril de 2009

Vodka Francesa Ciroc..de uvas...



A princípio, isso soa uma heresia, posto que determinadas bebidas estão associadas a determinados tipos de ingredientes. Por exemplo: o malte (para o uísque), a cevada (para a cerveja), o melaço (para a cachaça e o rum), a batata (para a vodka), e a uva (para o vinho e seus destilados, como o cognac e a grappa).
No entanto, o enólogo francês Jean-Sébastien Robicquet resolveu desafiar essa tradição, ao elaborar uma delicada vodka com o sugestivo e abstrato nome de Cîroc - considerada pelos conaisseurs como a “Ferrari” das vodkas -, feita a partir de uvas cultivadas no sudoeste da França - próximo ao local onde está situada a tradicionalíssima região de Bordeaux, produtora de verdadeiras obras-primas da vitivinicultura mundial, como os Grand Crus Classés bordaleses…
A vodka é uma bebida polêmica, que desperta amores e ódios entre os apreciadores de um bom destilado. Para alguns, como os apreciadores das “top de linhas” russas e polonesas, ela é uma bebida suave e delicada - apesar de seu teor alcóolico elevado -, podendo apresentar nuances diversificadas de sabor dada a sua textura untuosa e cremosa (especialmente quando congelada). Além disso, é uma bebida versátil, podendo ser combinada com outros destilados e fermentados, além de sucos de frutas, criando cocktails inventivos e saborosos. Também conta a sua neutralidade de sabor, o que a habilita ainda mais para ser um bebida com a vocação de ser combinada com outras.
Para os seus detratores, no entanto, a vodka é uma bebida sem personalidade, sem aromas, sem caráter, vazia e extremamente alcóolica. Enquanto isso, para os bebedores compulsivos, a sua principal vantagem é não deixar um hálito de álcool muito pronuciado no palato - sob esse ponto há controvérsias…
Feita com as uvas Mauzac Blanc e Ugni Blanc, cultivadas em vinhedos das regiões de Gaillac e Cognac, a vodka Cîrok é a mais nova “queridinha” dos bares hypes da moda em Paris, Londres, Milão, Nova York e São Paulo. Posicionada como uma bebida aspiracional e de luxo, ela é destilada cinco vezes em alambiques de cobre, em processo semelhante a elaboração de outra “pérola” do vinho, o cognac…
A complementariedade entre as castas também é importante no processo de elaboração da bebida. Enquanto a uva Mauzac Blanc, cultivada em terrenos montanhosos repletos de rochas, argila e calcário, contribui com seus aromas cítricos e de maçãs, a Ugni Blanc é uma uva neutra, que ajuda a dar consistência e corpo à bebida.
O nome Cîroc, que faz parte do portfólio de brands do conglomerado britânico Diageo, é produto da junção de duas palavras francesas: “cîme” (alto da montanha) e “roche” (rocha). Além de sua inusitada elaboração, outro diferencial é a sua garrafa elegante e sofisticada - aliás, uma tradição no setor, dada a sueca Absolut, sua principal competidora - marcada por um fundo e um detalhe em azul, representando o “ouro azul” - um pigmento pastel que era típico do sudoeste da França na Idade Média.
Vale lembrar que a Diageo é líder mundial em bebidas destiladas, e possui um vasto portfólio de marcas mundialmente reconhecidas como sendo de qualidade em vários segmentos como cervejas (Guiness e Kilkenny), champanhes (Dom Pérignon e Moët & Chandon), cognacs (Hennessy), gins (Gilbey’s, Gordon’s e Tanqueray), licores (Baileys), tequilas (José Cuervo), vodkas (além da Cîroc, a Smirnoff), whiskeys (Bell’s, Buchanan’s, Bushmills, Black & White, Cardhu, Haig, J & B, Johnnie Walker, Old Parr, White Horse) e vinhos (Periquita).
Seja a vodka Cîroc fruto - ou não - de uma belíssima estratégia de marketing (provavelmente sim!), me deu uma tremenda vontade de degustá-la. Como estarei em São Paulo na semana que vem, acho que vou dar uma passadinha em um barzinho descolado da capital da garoa para conferir se a bebida é ou não essa coisa toda que está sendo apregoada…

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