quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Bairrada...

Bairrada



Apesar da produção de vinho existir desde o século X, foi no século XIX que a Bairrada se transformou numa região produtora de vinhos de qualidade. De fato, nesta época, em 1867, a Bairrada é tida como sendo a segunda mais importante região vitivinícola portuguesa, a seguir ao Douro. Vinte anos mais tarde, em 1887, fundou-se a Escola Prática de Viticultura da Bairrada, destinada a promover os vinhos da região e melhorar as técnicas de cultivo e produção de vinho, tendo como primeiro resultado prático a criação de vinhos espumantes, em 1890.
Em 1908, aquando da demarcação de outras regiões vitícolas, foi igualmente proposta a demarcação da Região da Bairrada, uma vez que a qualidade dos seus vinhos assim o justificava. No entanto, a lei das Regiões Demarcadas de então, dificultava e taxava o trânsito de vinhos de outras regiões na entrada da Região Demarcada. Era um conceito de Região Demarcada, como proteção territorial dos vinhos da região, bem diferente do conceito de "Denominação de Origem" hoje utilizado. Infelizmente, interesses contraditórios do setor vitivinícola atrasaram essa demarcação, sendo necessário esperar mais sessenta e nove anos para que esta se concretizasse. De fato, ao longo do século XX, as leis e os conceitos foram evoluindo e, aliados à vontade conjugada de produtores e comerciantes, foi oficialmente reconhecida, em Dezembro de 1979, a Denominação de Origem de um dos mais antigos e apreciados vinhos portugueses, os vinhos da Bairrada.
É na Beira Litoral, entre as cidades de Aveiro e Coimbra, que se situa a Região da Bairrada, cujo nome deriva da natureza dos seus solos argilosos, os barros.
O clima desta Região é caracterizado por Verões com dias quentes e noites frescas, sendo condicionado pela proximidade do oceano Atlântico, ainda que subsistam muitos traços de caráter mediterrânico, bastante seco no período estival, mais propriamente nos meses de Julho e Agosto. A ocorrência de geadas primaveris é frequente até meados de Abril, podendo também se verificar, embora que esporadicamente, nos primeiros dias de Maio, o que condiciona o cultivo de determinadas castas brancas regionais, que são bastante temporãs. Em certos anos, em que os níveis de precipitação são abundantes na segunda metade do mês de Setembro, também se verifica a ocorrência de ataques de Botrytis Cinerea, fungo também conhecido por podridão cinzenta ou nobre, a que algumas castas regionais são particularmente sensíveis.
A Região Vitivinícola da Bairrada apresenta um relevo marcado por colinas suaves entre as cotas de altitude de 50 e 150 metros, denotando-se as maiores altitudes a Nascente, correspondentes às encostas das Serras do Caramulo e do Buçaco.Sob o ponto de vista geológico, as vinhas encontram-se instaladas predominantemente em solos de natureza argilosa e argilo-calcária, solos bastante secos, favorecendo uma boa maturação das uvas, especialmente da casta tinta Baga.
O encepamento de castas tintas domina o conjunto das plantações, com 85% do total e é constituído quase exclusivamente pela casta Baga, representando 95% do número total das videiras tintas regionais. Recentemente, foi permitido na Região DOC Bairrada plantar castas internacionais, como a Cabernet Sauvignon, Syrah, Merlot e Pinot Noir que partilham os terrenos com outras castas nacionais como a Baga ou a Touriga Nacional. Relativamente às castas brancas, Fernão Pires, igualmente denominada por Maria Gomes na Região, representa quase metade do encepamento, todavia as castas Bical e Cerceal também assumem alguma importância, ocupando uma área de cerca de 10% do total.

Casa de Sarmento Grande Escolha Beiras




Produtor: Casa de Sarmento
Região: Bairrada
Casta: Touriga Nacional e Merlot
Teor Alcoólico: 14% vol.


Notas de prova: Produzido apenas em colheitas excepcionais, este Grande Escolha é elaborado com as castas Touriga Nacional e Merlot, na Região Demarcada da Bairrada, onde predominam solos de natureza argilosa ou argilo-calcária, solos bastante secos, que favorecem uma boa maturação das uvas. É um vinho que expressa notoriamente as principais características das castas que o compõem, da Touriga sentem-se os taninos bem personalizados e da Merlot destaca-se o perfil aromático, de caráter frutado, com notas de alcaçuz, amora, groselha negra e mirtilo. Apresenta uma coloração rubi violácea, marcada por um halo de evolução. Possui um perfil aromático bastante peculiar, com notas frutadas bem características da casta Merlot, sendo também perceptível um ligeiro perfume floral a violetas. Na boca é macio, equilibrado e encorpado, com 14% vol., de taninos redondos e aveludados. Um vinho complexo e de taninos já domados que merece ser descoberto por si.
Harmonização: Queijos de pasta dura, de cabra ou ovelha, assim como queijos curados de pasta mole acompanham na perfeição este Grande Escolha Beiras. Rodízios, perna de borrego, assados em geral, como vaca e vitela assados ou estufados, aves de capoeira, pato e frango e lombo de porco são igualmente um ótimo acompanhamento para este tinto, nem tão velho que se possa perder no sabor intenso de alguns pratos, nem tão novo que possa anular as delicadas matizes de outros.
Temperatura de Serviço: Deverá ser servido a uma temperatura de 16 a 18 ºC

Nenhum comentário:

Postar um comentário